Análise Chaves (WII),analise Nintendo Blast


Isso, isso, isso! Você não está lendo errado, realmente o Nintendo Wii ganhou um jogo do personagem mais famoso da América Latina. Você é do tipo de leitor que fica bravo com estas citações gratuitas do seriado? Tá bom, mas não se irrite. Lançado no México, um dos destaques do jogo é que ele tem o Português como idioma, tanto no texto quanto na dublagem. Chegou a hora de analisar Chaves (El Chavo no original) e ver se ele vale mais que um sanduíche de presunto.

Tinha que ser o Chaves!

"Chavo" quer dizer "menino". Já "Chaves" é só um nome mesmo.Há décadas o seriado Chaves, exibido pelo SBT, ajuda a divertir crianças e adultos. Seu alcance foi tão grande que é quase impossível encontrarmos uma pessoa que desconheça os nomes Chaves, Seu Madruga, Dona Florinda ou os bordões famosos como "Foi sem querer querendo" e "Isso, isso, isso". Recentemente, a série criada por Roberto Gomez Bolaños ganhou uma versão em desenho animado para conquistar as crianças do século XXI, e esta versão tem conseguindo se manter popular e gerar muitos produtos novos. Um destes produtos é o recentemente lançado jogo Chaves, para o Nintendo Wii.
Enquanto a turma joga Wii, Nhonho exibe seu Nintendo 3DS comprado com o aluguel dos moradores da vila.Particularmente falando, é uma emoção muito grande poder jogar este jogo. Desde pequeno sempre fui um admirador dos seriados do Bolaños, e lembro a alegria que senti ao jogar o jogo do Chapolin Colorado, lançado na distante década de 90 para o também distante Master System. A oportunidade de jogar um jogo novo baseado no programa mexicano me deixou num estado de euforia bem grande.
Mesmo com toda a minha empolgação, Chaves tinha tudo pra ser um jogo ruim, só de ver as poucas imagens divulgadas antes do lançamento e por ser produzido por um país sem grande histórico na produção de games. Devemos discutir sobre o jogo, afinal, da discussão nasce a luz.

Não se diz “pior”, se diz “peor”

Toda vez que jogo El Chavo é como se eu recebesse uma pancada do Chaves.Infelizmente, o jogo não é bom. Aproveitando esta onda casual mantida pelos jogos de celulares e pelo próprio Wii, Chaves é um jogo de tabuleiro comminigames, assim como a franquia Mario Party. É até correto dizer que Chaves é um jogo de tabuleiro porque ele, literalmente, tem apenas um tabuleiro para se jogar. O jogo traz apenas duas opções, a de jogar os minigames "livremente" e a de jogar o modo Copa. As aspas no "livremente" estão lá porque osminigames só são jogáveis depois de terem sido jogados anteriormente no modo Copa. Sendo assim, lá vai você participando de repetidas partidas no único tabuleiro para habilitar todos os 30 minigames. No modo Copa há uma pequena historinha, com o Chaves pegando um tabuleiro mágico na casa da Bruxa do 71 e sendo transportado pra dentro dele com seus amigos.
Só quatro personagens são oferecidos, de uma galeria vasta e inutilizada de personalidades do desenho animado. Apenas o Chaves, o Quico, o Nhonho e a Pópis são selecionáveis, o que é bem frustrante. Cadê o Seu Madruga? E a Bruxa do 71? E o Professor Girafales? A gente entende que o jogo preferiu colocar apenas as crianças como jogadoras, mas nem isso é desculpa para só ter quatro personagens, afinal o desenho animado ainda tem o Godinez e a Paty como crianças recorrentes (lembrando que a Chiquinha não aparece no desenho animado por divergências judiciais entre a atriz e o criador da série). E mesmo com quatro personagens, não há diferença entre eles em jogabilidade ou atributos. Quer dizer, eu fiquei com a impressão que o Nhonho é desproporcionalmente mais forte que os outros personagens, talvez por ser gordo.
Olha que falta de caracterização! Cadê a Serafina, a boneca da Pópis?
E o que dizer dos minigames? Dos trinta disponíveis, poucos possuem algum carisma ou jogabilidade interessante, como o divertido jogo de pebolim. Todos os outros exigem um esforço com o wiimote parecido com os primeiros jogos do console, e logo você se lembra das dores no braço geradas por aquelas partidas de tênis no Wii Sports da sua primeira vez jogando Wii. Todos os jogos são jogáveis tanto com a dupla Nunchuck e Wiimote quanto com o Wiimote sozinho, facilitando partidas multiplayer para quem tem só controles básicos.
Não se engane, não é o Desafio Semanal de A Fazenda.Somente nos minigames os outros personagens dão as caras, então aproveite sua única chance de ver o Seu Madruga pendurando pinhatas ou de arremessar argolas em um minigame fiscalizado pelo Senhor Barriga. A maioria dos minigames se passa num ambiente rural, que nada tem a ver com o seriado ou o desenho animado. Fica até a impressão que o jogo estava sendo produzido para outros personagens e só no meio do processo decidiram que seria um jogo do Chaves. Afinal, "Chaves" e "fazenda" se misturam tanto quanto "aluguel" e "Senhor Barriga".

Seria melhor ter ido ver o filme do Pelé...

Resposta da Nintendo ao jogo Viva Piñata de Xbox 360.Todos os personagens têm suas falas características, e o jogo está totalmente traduzido e dublado em português, com as frases ditas assim como no desenho animado. Quando ganham, perdem ou fazem algo de interessante os personagens soltam suas frases clássicas, e é muito legal ouvir o Chaves dizer "É que me escapuliu" quando perde um minigame. Uma pena que toda essa alegria pela dublagem brasileira veio pela metade, porque os personagens são interpretados por dubladores diferentes do desenho animado, sendo eles os dubladores responsáveis pela peça teatral.
Se me perguntarem se o jogo é bonito visualmente, preciso responder que ele é carismático. Os quatro personagens são razoavelmente bem modelados, e lembram muito o desenho animado. Já o resto, como cenários, tem uma variação muito grande entre um visual aceitável, um visual que parece saído de um jogo mediano de Nintendo 64 e, em outras, os gráficos chegam a lembrar algumas preciosidades lançadas no Zeebo. Faltou um pouco de esmero nessa categoria.
Aproveite bem, este é o ÚNICO tabuleiro do jogo. Divertido como andar de carrossel.O único tabuleiro do jogo é circular e sem muitas surpresas. Depois que cada um dos personagens avança, um minigame aparece para disputar as medalhas. O vencedor de cada minigame ganha uma medalha correspondente à sua posição, sendo possível ganhar uma de ouro, prata ou bronze. Ao fim da copa, todas as medalhas são somadas (duas de bronze equivalem a uma de prata e duas de prata equivalem a uma de ouro) e quem tiver mais medalhas douradas é o grande campeão. Há dois modos de Copa, o de jogar dez rodadas e o de jogar quinze rodadas, dependendo da duração de tortura que você desejar. Sim, tortura mesmo, porque beira o insuportável este tabuleiro. Ao fim da partida tem um dos únicos momentos criativos deste jogo: a hora da revanche. Todos os três perdedores desafiam o vencedor a uma partida de cabo de guerra no meio do pátio de vila, e se o vencedor perdê-la terá que dividir suas medalhas com os perdedores. Pelo menos algo de criativo no meio de tanto clichê mal executado.
O juiz da revanche é o Tobogã de Salto Alto... digo... digo... o Professor Girafales.
Tirando do jogo a franquia Chaves e todo o carisma, o que sobra? A Bruxa do 71! Digo... digo... fica apenas um jogo de minigames mediano, quase ruim. Não vou mentir, este jogo tiraria uma nota muito menor se fosse feito por uma produtora norte-americana, europeia ou japonesa. Mas é difícil não dar uns pontinhos por ser um jogo mexicano, feito baseado em um personagem que marcou a vida de todos nós e para um console divertido. Esperamos que o jogo dê retorno e cada vez mais tenhamos jogos feitos na América Latina. E você está animado para experimentar o jogo do Chaves? Por que causa, motivo, razão ou circunstância? Conte aí nos comentários.

Prós:

  • Totalmente em português.

Contras:

  • Dubladores diferentes do desenho animado;
  • Jogabilidade primitiva;
  • Apenas quatro personagens;
  • Só um tabuleiro;
  • Poucos modos de jogo.
Chaves (El Chavo) – Nintendo Wii – Nota final: 5,5 Gráficos: 4,5 | Som: 5,5 | Jogabilidade: 5,5 | Diversão: 5,5
                           Revisão: Marcos Vargas Silveira

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