PlayStation All-Stars: o "Smash Bros. da Sony" decepciona

PlayStation All-Stars: Battle Royale tem um nome longo demais, complicado demais, pouco amigável. Tanto que o apelidinho infalível de "Smash Bros da Sony" pegou, e não só por motivos de piadinha entre fãs. Como pudemos ver no Brasil Game Show, o combate em arena da Sony tem muito da série da Nintendo, mas ainda assim não é uma Brastemp.
Antes de começar a lutinha, que pode ser disputada entre até 4 pessoas, você escolhe entre os heróis da família PlayStation. Drake, Kratos, Sack Boy, Parappa The Rapper, Raiden, e? ahm? um soldadinho do Killzone, o palhaço de Twisted Metal, a princesinha de Fat Princess e até um Big Daddy (BioShock).

Aí surge o primeiro e talvez principal problema de PlayStation All-Stars: a maioria dos personagens da Sony não é tão universalmente reconhecível ou cativante quanto um Mario, Link ou Kirby ? que justificam e dão sentido a Smash Bros. O multiverso da Nintendo é muito mais orgânico, icônico e conciso que o da Sony, e consequentemente (por questões estéticas e de game design) funciona muito melhor num jogo de luta como esse. Sem contar que uma luta entre Kratos e Nathan parece algo simplesmente injustificável ? nós sabemos quem vai ganhar essa peleja.
Mas vamos para a luta. E não se preocupe com tutoriais e guias: se você já jogou Smash Bros Melee, saberá o que fazer, já que os controles são praticamente os mesmos. Os ringues, como em Smash Bros., simulam cenários clássicos dos jogos da Sony, e aqueles que pude testar (o Hades, de God of War, e o Dojo, de Parappa the Rapper) ficaram muito bonitos.

Na primeira partida, escolhi o Big Daddy, de BioShock, e não poderia ter escolhido melhor. O Big Daddy é grande e reconhecível no caos absoluto da luta, em que personagens como Drake, Raiden, Kratos e tantos outros se tornam indistinguíveis por conta de suas paletas de cores e proporções realistas. Parappa The Rapper e Fat Princess viram os principais alvos por serem coloridos demais, contrastantes demais.
Além de ser facilmente identificável, Big Daddy tem importante vantagem a seu favor: ele é um apelão desbalanceado que simplesmente destrói tudo e todos com um único golpe. Sim, um grande desequilíbrio no jogo. Alguns personagens como o Big Daddy dão ataques que derrubam outros jogadores ou travam seus movimentos, e podem ficar repetindo o mesmo golpe ad infinitum. Fui bastante xingado pelos outros jogadores enquanto controlava o monstrinho de BioShock.
Esse desequilíbrio talvez seja explicado porque a versão que jogamos não era a definitiva, e eu realmente espero que essa seja a razão, senão teremos muitos personagens proibidos no jogo. Lembra quando seus amigos combinavam que ninguém podia escolher o Oddjob no Goldeneye 007 de Nintendo 64 porque ele era baixinho demais e difícil de acertar?
O objetivo em All-Stars é eliminar seus inimigos mais vezes do que eles conseguem te matar. Mas, em vez de bater neles para aumentar a porcentagem de chance que eles têm de serem arremessados para fora da tela, aqui você bate nos rivais para encher uma barra de poder que tem 3 fases. Cada uma dessas fases representa um poder especial que você pode usar para eliminar os outros. Cada personagem tem seus próprios ataques especiais, e o especial de uma barra é menos poderoso do que o de 3 barras, que geralmente elimina todos os adversários de uma vez só.

É quase como a Smash Ball de Smash Bros, mas com 3 camadas de poder. Agora imagine se a Smash Ball fosse a única maneira de matar seus rivais em Smas Bros. Imagine não poder vencer seus adversários sendo simplesmente bom na arte da pancadaria, ou não ser punido por errar aquele pulo ou defesa. Isso é Battle-Royale.
Não é apenas no conceito que All-Stars imita o jogo de luta com todos os heróis da Nintendo. Smash Bros. está lá também na estrutura, nos controles e em boa parte das mecânicas. E isso é triste, para dizer o mínimo. Eu ainda quero ver se os problemas de equilíbrio se resolvem na versão final, mas estou certo que os problemas de conceito não têm solução.
Jogar All-Stars é como assistir a uma animação da DreamWorks esperando a genialidade e carisma das animações Pixar. Você pode dar algumas risadinhas, mas, no geral, vai sair do cinema com aquele gostinho de decepção.

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